HCPA apresenta resultados da pesquisa com simulador de direção
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Com informações do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Pesquisa inédita realizada pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) com simulador de direção detectou que os fatores associados a comportamentos de risco no trânsito em homens adultos no Brasil são histórico de beber e dirigir, gravidade do consumo de álcool, violações relacionadas a outros comportamentos de risco e impulsividade. Os resultados da pesquisa foram apresentados na última semana em seminário científico no auditório da instituição.
O trabalho desenvolvido no Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas do HCPA (CPAD), coordenado pelo professor de Psiquiatria Flávio Pechansky (foto), em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), contou com a colaboração do DetranRS na captação de voluntários para a pesquisa.
Para compor o estudo, foram convidados a participar condutores homens de diferentes perfis, com idades entre 19 e 60 anos. A partir de características biológicas, psicológicas e neurobiológicas de quem bebe e dirige e de quem utiliza celular ao volante buscou-se apresentar os principais fatores associados aos comportamentos de risco no trânsito na amostra estudada.
Entre os resultados obtidos na pesquisa, destacam-se:
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Os fatores associados a comportamentos de risco no trânsito em homens adultos no Brasil são histórico de beber e dirigir, gravidade do consumo de álcool, violações relacionadas a outros comportamentos de risco e impulsividade. A amostra abrangeu 52 motoristas, sendo 28 com histórico de beber e dirigir e 24 sem esse histórico.
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Em outra análise com 63 condutores do sexo masculino, verificou-se que aqueles que bebem doses elevadas de álcool (considerados bebedores compulsivos) apresentam o maior risco de dirigir sob o efeito de álcool. Eles têm como características dirigir mais quilômetros por dia e apresentar maior pontuação no traço extroversão, maior aceleração na ultrapassagem e altos escores no quesito “não respeitar o sinal vermelho e a placa de pare”.
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Na análise sobre os fatores associados ao uso de celular no trânsito, durante a situação de frenagem de emergência, a condição de texto pareceu reduzir a capacidade do motorista de frear apropriadamente mesmo em velocidades menores do que na condição por voz ou controle. Nessa amostra, verificou-se também que quem nunca usou tabaco, não usa celular na direção, enquanto aqueles que fazem uso pesado de tabaco utilizam o celular na direção semanal ou diariamente.
O objetivo do estudo é subsidiar a implementação de políticas públicas específicas e soluções para a segurança no trânsito. “Esse estudo tem que ter algum grau de devolução direta para a sociedade, pois esse tem sido o mote das pesquisas que temos desenvolvido até agora”, destacou Pechansky.
Também participou da apresentação o diretor médico do HCPA, Brasil Silva Neto, que ressaltou a importância da parceria firmada entre órgãos públicos (HCPA e Senad) que se preocupam com a sucessão de mortes e incapacidades totalmente preveníveis por questões comportamentais que afetam o indivíduo, suas famílias, suas relações sociais e profissionais. “Temos a atuação protagonista do Centro de Pesquisas em Álcool e Drogas no sentido de trabalhar com prevenção primária, educação da população e saúde mental e física. A amplitude desse projeto é extremamente grande e vai além do foco específico da pesquisa”.