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Fumar e conversar com o carona sãoas principais distrações ao volante

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Do lado de fora, há atrativos que desviam a atenção do motorista, mas o perigo também viaja no interior do carro.

O professor de mestrado Adolfo Sachsida, da Universidade Católica de Brasília (UCB), traçou os três principais causadores de distração dentro dos automóveis, e em quanto eles aumentam o risco de batidas. A pesquisa foi baseada em acidentes em Brasília em 2001.

Engana-se quem pensa que o celular ficou em primeiro. Pela pesquisa, fumar ao volante é o ato que mais aumenta o risco de acidentes, 20%.

— Não há risco apenas na hora de acender o cigarro. Fumar relaxa e deixa a pessoa mais desatenta — diz Sachsida.

Código proíbe se dirigir só com uma mão no volante

Fumar ao volante não é proibido, mas o Código Brasileiro de Trânsito não permite que se dirija com apenas uma das mãos ao volante, as exceções são os casos que o motorista precisar sinalizar, mudar de marcha, ou acionar equipamentos do veículo. Ou seja: ficar com uma mão segurando o cigarro, ou outro objeto, é uma infração média (4 pontos na carteira e multa de R$ 85,13).

Na pesquisa da UCB, conversar dentro do carro aumenta a chance de acidentes em 15%. Se for uma discussão, muito pior, já que o motorista fica ainda mais distraído.
Quando crianças estão no carro o risco é maior, principalmente se uma mulher estiver dirigindo. O instinto materno as faz verificar constantemente se o bebê está bem ou tentar resolver as brigas dos pimpolhos. Algumas até direcionam o retrovisor para o banco de trás, para controlar os rebentos.

O celular, que faz dirigir lentamente ou ziguezagueando como um bêbado, aparece em terceiro na pesquisa da UCB. Ele aumenta as chances de acidentes em 11%. E lembre que usar o aparelho com o carro em movimento é proibido por lei, uma infração média. Só é permitido com viva-voz.

— Não é preciso manipular o celular para se distrair. O ato de pensar no que falar ou prestar atenção no que a outra pessoa está contando rouba a atenção no trânsito — alerta Fábio Racy, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

Nos Estados Unidos, rádio provoca mais acidentes

Um levantamento do NHTSA (órgão americano de segurança viária) também fez um ranking das causas dos acidentes. Nos Estados Unidos, porém, mexer na aparelhagem de som foi apontado como o principal responsável por acidentes provocados por desatenção.

— O motorista se esquece do que está à frente e olha para os botões do rádio ou para o CD que será colocado no aparelho. Até a música, em alguns casos, tira a atenção — explica Racy.

Por isso algumas montadoras optam por usar rádios com botões grandes, para roubar menos atenção. A Toyota chegou a mudar o aparelho do novo Corolla nacional, pouco depois do seu lançamento, em 2002, exatamente para adotar botões de comandos maiores.

O efeito sedutor do rádio, porém, já é um velho conhecido. Na década de 30, alguns estados americanos tentaram banir dos automóveis a grande novidade. A alegação era que eles distraíam os motoristas.

Uma pesquisa de outra entidade americana revela um agravante moderno no equipamento. Segundo a AAA Foundation for Traffic Safety, 70% dos rádios automotivos tinham menos de 11 botões em 1991. Hoje, 65% têm mais de 11 teclas. Equipamentos mais complicados, mais chance de distração.

Mexer em outros aparelhos (ar, computador de bordo, DVD) é o quarto item do ranking do NHTSA. Cada vez mais numerosos, e com mais botões, eles ficam atrás apenas de falar com outro ocupante ou de mover objetos no interior.

— A modernidade traz benefícios, mas há o custo da distração. A sociedade precisa avaliar o que quer — afirma Adolfo Sachsida.

Os limpadores de pára-brisas são um exemplo. Quando surgiram nos carros, nos idos de 1910, foram muito criticados. Algumas pessoas diziam que o ritmo cadenciado distraía e até hipnotizava. Hoje, é impensável um carro sem eles.

Na pesquisa do NHTSA, o uso do celular e fumar aparecem, respectivamente, em sexto e sétimo lugares na lista da distração. Ficam atrás de comer e beber ao volante, uma tradição na terra do drive-thru . Mas outros fatores de desatenção foram registrados: ler jornal ou mapas, limpar os óculos e até fazer a barba.

No Brasil, maquiagem e namoro desviam a atenção

O Brasil também tem comportamentos típicos. Segundo pesquisadores, as motoristas adoram retocar o batom ou arrumar os cabelos usando o retrovisor ou o espelho de cortesia. E não é incomum colisões durante beijos ou até carinhos mais quentes...

Com tantas formas de distração há solução para esta epidemia automotiva?

— O ideal é manter a concentração no carro. Se for desviar a atenção, o motorista precisa se conscientizar de que está fazendo algo perigoso. Isso já o deixa mais alerta. — ensina Ingo Hoffman, piloto e instrutor de direção defensiva.

Só um segundinho...

Um, dois, três, quatro segundos é o tempo médio para sintonizar o rádio de um automóvel. Curtíssimo? Não, muito longo se o veículo estiver a 100km/h. Enquanto o motorista se distrai olhando para os botões e o dial, o carro percorre 110 metros, o equivalente a uma fila de 28 carros pequenos — isso, se não bater no meio do caminho.

Não é muito comentado, nem pesquisado, mas diversos acidentes com automóveis são provocados por pequenas desatenções ao volante. E cuidado: ao dirigir, não fique admirando moças como a Luisa, modelo das fotos acima. Espiar beldades que passam na calçada também é um fator que costuma distrair os motoristas e resultar em colisões.

Acidentes por desatenção só começaram a ser mais estudados no fim dos anos 90, motivados pela proliferação dos celulares. Mas as pesquisas surpreenderam os especialistas, por mostrarem que muitos fatores, e não só o celular, roubam a atenção dos motoristas.

Estudos americanos e ingleses revelam que cerca de 30% desses acidentes são provocados por distração do motorista. E metade destes casos tem como causa a simples, e rápida, transferência de atenção do trânsito para um objeto, pessoa ou evento, dentro ou fora do carro. A outra metade está relacionada com sonolência, circunspeção, consumo de álcool e drogas.

Além do número elevado de ocorrências por pura perda de atenção, os motivos também impressionam. A contemplação do que está do lado de fora do veículo é a principal causa de acidentes. O motorista se desliga do trânsito, mas o carro continua andando. Às vezes só percebe uma situação de perigo quando não há como esboçar reação.

— Estava olhando para uma loira maravilhosa no carro ao lado e não vi que o trânsito parou na minha frente. Não tive tempo nem de frear, bati num táxi— lembra o publicitário Marcelo Schvartzer.

Fonte: Infocarro www.infocarro.com.br
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