Detran/RS reúne especialistas em trânsito para debater aspectos do CTB
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Dentro de sua programação para a Semana Nacional de Trânsito, o Detran/RS está realizando na Assembleia Legislativa do Estado o encontro Dezoito anos do Código de Trânsito Brasileiro: maioridade de fato? Com o objetivo de debater esse questionamento do modo mais abrangente possível, o evento se organizou em torno de seis painéis. Acidentalidade, formação dos condutores, educação, fiscalização, municipalização do trânsito, intraestrutura, inspeção veicular e legislação de trânsito foram os tópicos que reuniram mais de 30 especialistas e dirigentes de órgãos, empresas e entidades vinculadas à segurança do trânsito.
“O trânsito é coletivo, mas sua qualidade depende de decisões individuais”. Com a proposta de influir na direção de atitudes mais seguras no trânsito, o diretor-geral do Detran/RS, Ildo Szinvelski, coordenou a abertura do encontro, que contou com a presença do Secretário da Modernização Administrativa e Recursos Humanos, Eduardo Olivera, além do presidente do Conselho Estadual de Trânsito, Ivan Poggere, do tenente coronel Francisco Vargas Júnior, comandante do Comando Rodoviário da Brigada Militar, do inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Pedro de Souza da Silva, e do secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Vanderlei Capellari, representando a prefeitura da Capital. No decorrer da manhã, o presidente da Assembléia, deputado Edson Brum, esteve no auditório para desejar aos presentes uma produtiva discussão.
Panorama da Acidentalidade no RS e Brasil teve mediação do diretor Ildo Szinvelski e trouxe números comparando o trânsito de 1997, ano de entrada em vigor do novo código de trânsito, com a atualidade. Rosane Crivella, do setor de Estatística do Detran/RS, apresentou dados como o de que o Brasil é o quarto país do mundo em mortos no trânsito, atrás apenas da China, Índia e Nigéria. O professor João Albano, da UFRGS, acredita que a legislação de trânsito é boa, mas ainda não teve sucesso em coibir uma acidentalidade que, segundo cálculos do IPEA, consumiu, somente em 2012, 45 bilhões de reais, uma conta que é paga por toda a sociedade.
Frank Woodhead, vice-presidente de Logística do Setcergs, destacou a duplicação da frota gaúcha nos últimos dez anos, o que não foi acompanhado de aperfeiçoamentos na infra-estrutura na mesma proporção. Para ele, é necessário, além de duplicações e correções na geometria das rodovias, também um olhar mais atento às faixas de domínio que cercam as estradas. O painel se encerrou com a fala do presidente do Sindimoto, Valter Ferreira. Ele falou da necessidade de uma melhor formação dos motociclistas e declarou que os condutores de moto são invisíveis, não apenas no trânsito mas também para órgãos como o Denatran e o Contran, que a seu ver deixam a desejar nas exigências que protegeriam a vida dos motociclistas.
Formação dos Condutores, Psicologia do Trânsito e Exame Médico como fomentadores do comportamento seguro, mediado pela diretora técnica do Detran/RS, Carla Badaraco, se iniciou com uma comparação apresentada por Letícia Lemos, da Divisão de Habilitação do Detran/RS, entre a legislação referente à formação de condutores desde 98 e as evoluções de comunicação e tecnologia no mesmo período, as quais modificaram a forma de apreensão de informações e lançaram novos desafios, tais como a preparação dos futuros condutores para a convivência e a necessidade de contemplar a heterogeneidade de públicos que buscam habilitar-se. Paulo dos Santos Filho, da Coordenadoria Psicológica e Médica do Detran/RS, falou da preponderância do fator humano nas causas da acidentalidade e na escolha de atitudes, decorrentes da percepção do risco por parte do condutor e de sua decisão na balança entre o prazer de incorrer em determinada falta e o desprazer no ato de cumprir a norma.
Já o presidente do Sindicato dos CFCs, Edson Cunha, destacou a diferença entre a informação que a legislação exige que seja passada pelos CFCs aos candidatos, a sensibilização pela segurança que os Centros se propõem a fazer e a educação que faz parte da formação do indivíduo e que este já traz como bagagem quando vai fazer sua habilitação para dirigir. Para Aurinez Schmitz, do Hospital de Clínicas e do Instituto de Psicologia do Trânsito Ande Bem, costumamos acreditar que, por se tornar automático, o ato de dirigir é uma atividade simples, quando ao contrário ele tem alta complexidade. Albino Sciesleski, neurologista e fundador da Abramet, falou de sua experiência, que inclui desde psicotécnicos a laudos de avaliação de motoristas profissionais, e destacou a análise de acidentes e de suas causas através de exames psiquiátricos.
Durante a tarde estão sendo desenvolvidos mais quatro painéis:
- Educação, Fiscalização e Mudança Comportamental
- Municipalização do Trânsito e Aplicação dos Recursos de Multas
- Trânsito Sustentável - Mobilidade, Infraestrutura e Inspeção Veicular
- Legislação de Trânsito: caminhos para a maturidade