Seu navegador tentou rodar um script com erro ou não há suporte para script cliente.
Detran RS
A A A
Publicação:

Em Novo Hamburgo, 75% dos acidentes fatais com moto acontecem dentro da cidade

No último final de semana, mais um motociclista perdeu a vida nas ruas de Novo Hamburgo. O jovem de 21 anos morreu após bater em um veículo Gol no cruzamento da Pedro Adams Filho no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. De acordo com levantamento feito pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) de 2010 a 2016, foram 104 acidentes fatais envolvendo motocicletas. 

No ranking geral do Estado, o município ocupa a 7ª posição ficando atrás de Porto Alegre, Pelotas, Caxias, Rio Grande, Canoas e Santa Maria. Mas quando o cenário é analisado de forma individual a situação se agrava. Com pouco mais de 50% dos casos envolvendo motocicletas a cidade é a segunda na lista. 

"Quando se olha para cada município de forma individual, identifica-se que 50,2% dos acidentes fatais de Novo Hamburgo envolveram motocicletas, ficando apenas atrás de Pelotas que tem 56%", explica a coordenadora da assessoria técnica do Detran-RS, Rosane Crivella. 

Sapiranga também aparece nesta lista. Na mesma análise, está na 7ª posição, com 46% dos acidentes fatais envolvendo motos. Taquara está na 14ª na análise individual (38.1%). 

Ao todo, ainda conforme o estudo do Detran-RS, foram 4.168 acidentes fatais envolvendo motocicletas, o que representa 34% em um total de 12.279 acidentes com mortes. Os dez municípios com maior número coincidem com as maiores frotas e concentram 33% do total do Estado.  


75% dos acidentes fatais ocorrem em ruas 

Novo Hamburgo tem duas rodovias importantes, a BR-116 e a RS-239, mas grande parte dos acidentes ocorre no perímetro urbano. Segundo Rosane, 75% dos acidentes fatais envolvendo motos ocorreu dentro da cidade. Dos 104 acidentes, foram 14 na RS-239, 12 na BR-116 e o restante em vias do Município. 

"Consideramos todos os acidentes na circunscrição de Novo Hamburgo e constatamos que se morre três vezes mais dentro do Município. É um número maior que a média do Estado que é de 55% dentro das cidades", afirma. 

A mais via mais perigosa é a Avenida Pedro Adams Filho. De 2010 a dezembro de 2016, foram seis acidentes fatais com motociclistas na via, seguida da Avenida Presidente Lucena e dos Municípios, cada uma com quatro. 

Adriana Lima/GES-Especial 
Homem morre em acidente de trânsito na Avenida Pedro Adams Filho, em Novo Hamburgo 


Desatenção  

O motorista Cleiton Pinheiro da Silva, 31 anos, sabe bem o que é quase entrar para as estatísticas de mortes no trânsito. Em 2007, ele saía com a moto da garagem da empresa em que trabalhava quando colidiu em outro veículo. "Foi uma desatenção minha. Tinha uma carreta estacionada e quando saí olhei por trás dela e não vi nada, quando passei dela já dei de frente com um carro, foi total falta de cuidado. Acabei tendo fratura no colo do fêmur da perna esquerda e coloquei dois pinos de platina", conta. 

Após o acidente, Silva começou a dirigir de forma mais cautelosa. "Desenvolvi certo cuidado em cruzamento e procuro ter muita atenção no que o motorista da frente está fazendo. Em vias com maior fluxo eu ando mais devagar, sempre olho no espelho retrovisor dos outros veículos para ter certeza que eles estão me vendo e quando a sinaleira abre procuro não arrancar logo, porque sempre tem algum motorista que passa no sinal amarelo", lembra. 

Saiba mais 

Os dados, que incluem os fornecidos pela Secretaria de Segurança Pública do Estado e ocorrências de todos os municípios de 2010 a 2016, foram compilados entre março e maio deste ano. "Considera-se uma vítima fatal a que veio a óbito no local do acidente ou 30 dias após. Levantamos as ocorrências de todos os tipos e de qualquer localidade do Estado, e monitoramos pra verificar se mais alguma pessoa veio a óbito. O levantamento em si é sobre o número de acidentes fatais e não das mortes. Há uns dois anos começamos um estudo envolvendo micro-ônibus, ônibus e caminhões e instituímos em dezembro do ano passado o grupo de trabalho (GT) de motociclistas. Isso considerando a fragilidade e o aumento significativo da frota e aumento gradativo de acidentes envolvendo os motociclistas. ", explica Rosane Crivella. 

O estudo também mapeou os trechos mais perigosos no Estado: BR-116 em Canoas e Camaquã; Avenida Presidente Getúlio Vargas em Alvorada; RS-118 em Sapucaia do Sul; RS-040 em Viamão; e RS-239 em Sapiranga. Nestes locais mais de 40% dos acidentes fatais envolveram motociclistas. As colisões somaram 63,6% dos acidentes fatais envolvendo motocicletas e os finais de semana concentraram 40% dos acidentes, sendo maior incidência nas sextas-feiras. 

Ações do Detran 

O grupo de trabalho do Detran-RS começou a se reunir em janeiro e o primeiro encontro com representantes dos órgãos externos ocorreu no dia 29 de março. A intenção é definir ações coletivas e por localidade. Para os municípios do ranking individual, o que inclui Novo Hamburgo, será feito um trabalho mais pontual. 

"A gente tem como meta ao longo do ano focar os quatro municípios com maior incidência de acidentes fatais, além de Porto Alegre, envolvendo motociclistas. A cada mês faremos em uma cidade, provavelmente em Novo Hamburgo seja em agosto. Vamos contatar a secretaria de trânsito e vamos levar todos os dados de acidentes de todas as vias, focar nos principais e ir até os locais. Queremos enxergar o cenário e ver se precisa algum ajuste a ser feito, seja na estrutura, sinalização", destaca Rosane. 

O grupo de trabalho é composto por órgãos de trânsito,  sindicatos patronais e de classe, Justiça do Trabalho,  Ministério do Trabalho e Emprego, Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST-SENAT) e Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre. 

O que dizemos os municípios 

Novo Hamburgo 

De acordo com a Diretoria de Trânsito de Novo Hamburgo, a principal causa de acidentes que envolvem motociclistas no Município é a imprudência, como o excesso de velocidade, ultrapassagens incorretas e avanço de sinal vermelho. Ainda segundo a diretoria, ações de educação para o trânsito têm sido realizadas. Entre elas, o "Maio Amarelo", que segue até o final do mês e busca conscientizar os motoristas a ter uma atitude mais civilizada, gentil e uma condução mais defensiva pelas ruas do município. 

Sapiranga 

Em Sapiranga os acidentes envolvendo motos também estão relacionados à imprudência, conforme a Guarda de Trânsito da prefeitura de Sapiranga. O excesso de velocidade e ultrapassagens indevidas, além do não respeito às indicações de preferenciais em cruzamentos (ou mesmo a maior atenção ao atravessar vias preferenciais) são alguns dos motivos principais de acidentes. Por isso, a Guarda tem realizado blitzes educativas para alertar sobre acidentes. A frota de motos está entre as 20 maiores. Estes veículos (incluindo motonetas e ciclomotores com mais de 50 cilindradas) representam atualmente cerca de 23,3% da frota. 

Taquara 

O trabalho na conscientização dos motoristas também é o foco em Taquara. "Temos um trabalho de educação com as escolas e também nas vias, em conjunto com a Brigada Militar. Os agentes de trânsito também foram instruídos a conversar com motoristas. Se todos colaborarem o trânsito vai funcionar, ele é para todos. Estamos em situação geográfica de certa forma privilegiada mas faz com que tenhamos além da nossa frota, uma população flutuante de veículos, o que aumenta o número de acidentes", diz o secretário de Segurança, Trânsito e Mobilidade Urbana, Lorival da Rosa, que conta ainda medidas que estão sendo adotadas para melhorar o trânsito na cidade. "Fizemos um levantamento dos pontos mais críticos e estamos intensificando ações nestes locais. Entre eles na esquina da avenida Sebastião Amoretti com a general Emílio Lúcio Esteves, estamos intensificando a sinalização e também fazer ações educativas. Também já proibimos o estacionamento na Rua Coberta", comenta. 

Agilidade que custa caro 

Para o especialista em trânsito e professor da universidade Feevale Eliseu Carlos Raimundo, o grande vilão dos acidentes envolvendo os motociclistas é o tempo resposta. "Em uma sinaleira de um grande centro por estar montado em motocicleta e entender que sou mais ágil eu passo sinal vermelho e avanço em cruzamento achando que o outro será mais lento. E o próprio cidadão contribui para isso quando exige menor tempo na pedida de uma pizza, por exemplo. Trabalhadores que usam a moto muitas vezes trabalham com comissão e se arriscam ainda mais. É o tempo resposta", avalia. 

Embora não haja um estudo determinando se os acidentes envolvem ou não profissionais, o presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto), Valter Ferreira acredita que a grande maioria não ocorra com mototaxistas e motofretistas. "Temos um regramento e fazemos cursos de capacitação, além de termos aprendido a direção defensiva no dia a dia das ruas", observa. 

Para Ferreira a forma como os futuros motociclistas se preparam é insuficiente e pode colaborar com a falta de segurança no trânsito. "A formação é péssima, o treinamento para tirar a habilitação é em circuito fechado, não se tem contato com a rua, não tem pedestre, não tem nada. A pessoa sai de lá achando que é o piloto, que é o cara. A partir do momento que na rua tem outros veículos, outros usuários da via, do pedestre a carreta, animais, carroceiros, tudo isso complica, ele não conviveu com isso. Por isso nosso sindicato tem trabalho de conscientização em parceria com o Detran. A moto é um veículo seguro, mas se bem conduzido", alerta. 

Leia a matéria e assista ao vídeo no site de origem.

DETRAN-RS